É preciso tempo

Há uns dias conversava com uma amiga sobre a importância do tempo. Quanto mais vivo, mais percebo que tudo precisa de tempo. E eu também.

Tempo para lembrar quem sou.
Tempo para entender quem não sou.
Tempo para saber para onde quero ir, e para aprender esse caminhar.
Tempo para curar feridas, para sentir mais leveza.
Tempo para encontrar respostas e para afinar perguntas.

O tempo, na Astrologia, é representado pelo planeta Saturno.

Na Astrologia clássica ele é chamado de “maléfico”, porque traz restrições e limitações, mas na Astrologia moderna a narrativa é outra. E para mim ele é chave no processo de desenvolvimento pessoal porque nos mostra não só o que viemos aprender ao longo da vida, mas também a importância do tempo e das restrições.

É que as restrições que a vida tantas vezes nos apresenta, o que querem de nós é amadurecimento. E esse amadurecimento só se consegue com vida vivida, um dia depois do outro.

But that’s easier said than done… Porque vivemos numa era em que tudo é imediato. Um clique, e o mundo parece caber na palma da mão. Depois vem Saturno, e diz “Não. Isto ainda não…”

Entre os 27 e os 29 anos, quando retorna pela primeira vez ao ponto de partida no mapa natal, Saturno e a vida perguntam em uníssono: “O que tens feito com o teu tempo? E o que queres fazer com o tempo que aí vem”.

É um confronto que muitas vezes revela os lugares onde nos limitamos ou, pelo contrário, onde precisamos de nos limitar para iniciar o processo de amadurecimento que é viver.

E a verdade é que, quanto mais vivo, também percebo que algumas lições podem chegar de forma dura mas, quando vêm de Saturno, tendem a alinhar. Convidam-me a abandonar ilusões, condicionamentos ou até desresponsabilização, e a assumir, com maturidade, o que quero fazer com o tempo que me foi dado nesta passagem.
Percebo que o compromisso, palavra bem saturnina e que assusta tantos, é uma chave de liberdade. Porque quando escolhemos com consciência, e construímos passo a passo, descobrimos que o compromisso e a disciplina não aprisionam; libertam. Dão chão ao voo. E é nesse chão que encontramos segurança para avançar.

No final das contas, queremos tudo para ontem. Mas para tantas coisas é preciso tempo.
Podemos ter tudo, mas não tudo ao mesmo tempo.
A pressa? Rouba profundidade. A consistência constrói raízes. E só o que amadurece com o tempo permanece.

Saturno dixit!

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“Conhece-te a ti mesmo”