“Conhece-te a ti mesmo”

“Nosce te ipsum”, a frase gravada no templo de Apolo, em Delfos, atravessa séculos. Talvez porque, no fundo, todos carregamos a mesma pergunta: quem sou eu?

E talvez seja tão difícil responder porque, em algum ponto do caminho, nos afastámos de nós. Desde cedo, somos moldados por vozes externas que nos dizem como devemos ser, o que é aceitável sentir, a forma certa de nos comportarmos. E assim, camada após camada, fomos criando uma versão que funciona no mundo lá fora… mas que, por dentro, muitas vezes deixa um vazio. A sensação de que falta qualquer coisa que não sabemos nomear.

É nesse espaço que a Astrologia pode entrar. Como bússola que aponta para casa, e não como manual de regras ou previsão do futuro. Como espelho que reflete a essência que sempre esteve lá, mesmo quando nos esquecemos.

O mapa astral revela pistas subtis: porque nos sentimos mais vivos em certas fases do ano, porque precisamos de silêncio ou de movimento, de recolhimento ou de partilha. É como ouvir, finalmente, uma voz tranquila a dizer: “Não há nada de errado contigo. Há uma razão para seres assim.”

A Lua, por exemplo, fala do nosso mundo emocional. De como sentimos, processamos, e do que precisamos para nos nutrir.

Quantos de nós crescemos a acreditar que éramos “demasiado”: demasiado sensíveis, demasiado intensos, demasiado… tudo?

Até percebermos que essa intensidade faz parte da nossa natureza. E aparece muitas vezes com um pedido silencioso para que nos permitamos ser inteiros.

Cada planeta guarda um dom.

Marte lembra-nos da força que nos move.

Vénus da forma como criamos e amamos.

Mercúrio da nossa voz única.

Quantas vezes passamos anos sem reconhecer estas forças? Ou sem as viver por inteiro? Reconhecê-las é começar a habitá-las. E talvez o maior presente da Astrologia seja este: conduzir-nos a uma aceitação radical de quem somos. Mesmo (e sobretudo) das partes a que antes chamávamos defeitos.

Quando compreendemos que tudo faz parte de um desenho maior, e que não há nada de errado com esse desenho, deixamos de lutar contra nós.

Começamos a viver de acordo com os nossos ritmos. A escolher relações que nos respeitam. A tomar decisões que nos devolvem à nossa essência. E a procurar formas de equilibrar aquilo que, mesmo fazendo parte da nossa natureza, não nos faz bem.

No fim, a Astrologia não nos oferece um destino fixo. Oferece-nos um convite. Um diálogo contínuo connosco mesmos, umas vezes desafiante, outras vezes doce. Uma conversa que nos vai levando, passo a passo, de volta a casa. Porque talvez, lá no fundo, já saibamos quem somos. Só precisamos de nos lembrar.

E eu própria continuo a lembrar-me. Volto ao meu mapa e encontro sempre algo que esteve ali o tempo todo, mas que só agora consigo ver. Curiosamente (ou não), vejo sempre no momento certo. Talvez porque para tudo há um tempo certo… E, no fundo, “sempre” é o tempo certo para me conhecer a mim mesma.

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